terça-feira, 20 de setembro de 2011

É tão espessa a cortina que nos separa da alegria...




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                                                                                                         Insuportável cansaço!
                                                                       Cansaço que faz a vida se voltar contra si mesmo.
                                                           Doloroso cansaço que não se deixa combater pelo prazer.
                                                                     Que não se deixa vencer por uma boa-noite de sono.
               Que se fortalece diante do repouso e da tranqüilidade recebendo o apelido de tédio.
              Cansaço que faz correr atrás do pensamento, numa espécie de pesadelo , angústia crucial.
                          Cansaço que nos faz pensar em ceder  aprisionando-nos numa forma de existência.
     Intolerável cansaço que retira da memória a lembrança de homens livres que fomos, negando qualquer forma de esperança capaz de contagiar, que se difunde cada vez mais e, estranhamente, toma sempre novo impulso minando, quase por completo, a resistência que teimosamente insiste em permanecer.
Doloroso e insuportável cansaço que parece não mais querer se conter dentro dos limites do suportável.
  É tão espessa a cortina que nos separa da alegria...
Em sua busca há tanto tempo, mais distante ela se apresenta.
Impenetrável suas paredes que quase impossível 
 acreditar na luz que pode existir do outro lado.
Tamanha é a desordem estabelecida no interior que não se é capaz de olhar com interesse para mais nada e para mais ninguém.
  Impondo recursos e novas estratégias quase nunca bem sucedidas, o ser se resigna diante da aparente derrota, como se estivesse condenado à tristeza que aguarda sempre o momento oportuno para agir com toda energia.
           
Qualquer fonte de satisfação, qualquer experiência que antes  manifestara-se prazerosa veem-se comprometidas pelo humor triste e abatido, sufocadas pelo sentimento de impotência e assim, impiedosamente, esvazia-se de significado a existência.

Um comentário:

  1. Oi Daisy!
    Mais uma vez encontro-me aqui absorta em um de seus textos com o qual me identifiquei demais!
    Estive pensando em momentos em que pensamentos exatamente como os descritos acima me ocorreram e me destruíram quase que irreversivelmente, como acredito já ter comentado contigo.
    O cansaço vem da procura daquilo que não se deve procurar. Não faz sentido a busca de uma coisa que só se revela quando abrimos os olhos da alma. É muito difícil, parece impossível, mas a cortina espessa se desintegra quando decidimos enxergar além, ou quando decidimos apenas deixarmos de nos vitimizar...
    Falo por minha experiência, e digo que hoje me sinto responsável pelo que crio.
    Mais uma vez, muito lindo seu texto!! Adorei!!
    Beijos,
    Liah.

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